Mais vale tarde do que nunca!

Bem, pelos vistos cedi. A pressão foi cruel, digna de romance barato. Os meus amigos estavam fartos de me ouvir... e vai daí criei um blog. 

Bem vindos ao Merlin 37

A partir de agora tenho finalmente um espaço para expor o sem número de coisas sem sentido que me passam pela cabeça. Passadas, presentes ou futuras. É altura de começar a reunir os textos que já foram feitos (e serão repetidos aqui, para horror do leitor) para que um dia os meus netos possam dizer do avô "este tipo era parvo". 

Aviação. Viagens. E coisas da vida. 

Assim será! 

Houve uma altura em que eu tinha cá uma pinta! (Foto: Luís Maia)

Houve uma altura em que eu tinha cá uma pinta! (Foto: Luís Maia)

(Especial agradecimento ao Miguel Amaral pelo magnífico logo)

TAP Portugal: 70 anos de história

“Devo ser eu”, penso. 

Às vezes tenho sérias dificuldades em perceber o que queremos. Nós, como povo, como Nação. O que admiramos, o que respeitamos, o que almejamos ser lá no fundo. 
A TAP Portugal volta a estar em destaque e, como é hábito, voltam a chover os comentários menos abonatórios sobre a empresa, quem por lá trabalha e pelo que representa. “Bom bom seria o fim da mesma” dizem alguns. 
Engraçado. 

Aqui temos uma empresa que: 

- Tem 70 anos de uma orgulhosa história a (e)levar o nome de Portugal pelo mundo;
- A sua operação na linha imperial originou os primeiros levantamentos topográficos aéreos da história africana;
- Foi a primeira companhia aérea da Europa a operar uma frota constituída apenas por aeronaves a jacto;
- Foi a primeira companhia aérea europeia a obter certificação para a manutenção dos motores do Boeing 747, década de 70;
- Efectuou a maior ponte aérea da história no nosso país, em 1975, durante a crise dos retornados;
- Na década de 80 foi a primeira companhia aérea a nível mundial mundial a estabelecer um sistema de comunicações via satélite;
- É altamente reconhecida pelo profissionalismo da sua manutenção, ao ponto de aeronaves de estado de outras nações efectuarem as suas revisões em solo nacional;
- É líder – e reconhecida como a melhor companhia aérea europeia – nas rotas para o a América do Sul e África;
- É a sétima mais segura companhia aérea do mundo (dados de 2014, dados JACDEC).
- É uma das poucas companhias aéreas mundiais a quem a Airbus recorre no desenvolvimento de novas aeronaves.
- É reconhecida pela elevada qualidade e profissionalismo dos seus elementos técnicos.

E, mesmo assim, é encarada com desdém. 

Airbus A330 da TAP Portugal. Lindo seria dizer pouco. (Foto: Rui Sousa)

Airbus A330 da TAP Portugal. Lindo seria dizer pouco. (Foto: Rui Sousa)


Não me interpretem mal. A TAP não é uma empresa sem defeitos. Pelo contrário. Existem e têm de ser resolvidos. O mais atempadamente e profissionalmente possível. 
Mas, factualmente, a TAP ao longo de setenta anos esteve na dianteira. Na dianteira da evolução tecnológica. Na introdução de novas aeronaves. No desenvolvimento de novos procedimentos e técnicas de manutenção e voo.

Foi, e continua a ser, um exemplo de profissionalismo e inovação nacional. Uma empresa muitas vezes à frente das suas congéneres internacionais.

Por mais polémica que a privatização traga e por mais polémica que a situação económica da empresa traga, não entendo a vontade de alguns de ver a TAP morrer.

Pelos vistos o velho do restelo está vivo e de saúde entre nós. 

Ainda bem que as Naus zarparam a tempo...

Japão: a surpresa do sol nascente

Tóquio surpreende. O Japão surpreende. Os japoneses surpreendem.

“A sério?” pensava eu enquanto olhava a carruagem de metro à minha volta. “Podia comer o meu pequeno almoço directamente do chão”.
Nunca vi cidade tão limpa na minha vida. A carruagem do metro brilha, de fazer inveja a qualquer anúncio de CIF. A estação igual. As ruas, idem idem aspas aspas. 
“O que é que se passa com esta cidade”? 
É mais limpa que uma fábrica de satélites. 

Mas se fosse só a limpeza... Não é. 

A comida... para lá do muito bom em qualquer restaurante que tenha parado. Parece que há um Jamie Oliver a cada esquina. 

A eficiência... isso da malta nórdica ser o supra-sumo é, lá está, mito. Qualquer japonês deixa cinco dinamarqueses no canto do ringue. Sem misericórdia. Sem quartel.

 


A surpresa do português. Nos multibanco, por exemplo, só existem duas traduções para línguas ocidentais: o inglês e o... português. “Puta que pariu”! Luxo!

E claro. A simpatia e o respeito. De outro mundo. Não há uma pessoa que não ajude, que não seja prestável, que não trate todos à sua volta com respeito. Mesmo que não fale inglês. E que perceba que viver em sociedade é isso mesmo: em “sociedade”. Juntos para o bem comum. Parte de uma equipa. 
E tanto que nós podíamos aprender com eles. Se em Hong Kong e em Macau um taxista nem do táxi sai para ajudar a por as malas no porta bagagens, em Tóquio quase que ficam ofendidos se não forem eles a fazê-lo. 

Há quem se meta a aprender alemão. Mandarim. Até russo. Esqueçam. Aprendam japonês.

Que sítio maravilhoso. Até os corvos posam para as fotos.